sábado, 12 de setembro de 2009
"A MORTE!"
Já há demasiado tempo não actualizava este meu “diário/blog”. Acreditem que foi por tristeza, pois estive de luto, de luto muito sentido e prolongado provocado por uma agonia longa e mal aceite, que infelizmente teve o resultado esperado, a morte.
A morte, sendo infelizmente qualquer coisa natural, não tem que ser necessariamente coisa boa e aceitável, principalmente quando vem antes de tempo ou é provocada por falha humana ou acto menos responsável.
Vem isto a propósito da morte da minha Escola, a Escola Secundária com 3.ª CEB de Pinhel. Para a História fica este fechar de capítulo, encerramento decretado à força e por um governo socialista. Estes são os factos.
Perguntar-me-ão:
- Mas são só esses os responsáveis?
Não. Neste processo, muita gente teve a sua cota de culpa, por indiferença, por conivência, por intransigência, por falta de visão estratégica e mesmo falta de tacto e senso. Cabe a cada um fazer o seu exame e ver onde se situa. Eu assumo, desde já e sem qualquer pejo, que a minha culpa se situa na indiferença, pois poderia ter tido um papel mais activo e por diversas vezes não assumindo outras responsabilidades, permiti-me ficar à margem do processo. E como gostaria de ter estado activamente envolvido!
Carregarei esta minha culpa para sempre, é garantido.
- Não era inevitável?
Não. Pois o argumento do número de alunos não colhe quando olhamos para todos os concelhos vizinhos e constatamos que apesar de terem um número idêntico e até bastante inferior de alunos, continuam com dois estabelecimentos de ensino, com dois órgãos de gestão, dois refeitórios, duas secretarias, etc, etc. E, para além de outras importantes implicações, para Concelhos com tanta falta de oportunidades de emprego, isso é dramaticamente importante.
As Escolas de Pinhel foram todas “extintas e enterradas” pela equipa da Maria de Lurdes Rodrigues, do Governo Socialista de José Sócrates. O último capítulo foi a “morte” da Escola Secundária com 3.º CEB de Pinhel, no mês de Julho de 2009 e o funeral (para mim), enquanto acto formal, no dia 11 de Setembro de 2009. Mediou, entre uma e outra data, um longo luto como lhe era devido.
Contrariando o conceito do “small is beautiful” e em nome da racionalidade económica, a equipa da MLF encerrou dezenas de Escolas, e na linha do “Big is better”, “pariu” o Agrupamento Vertical de Escolas de Pinhel. Este facto já é parte da história do Concelho Pinhel e é, em minha opinião, mais um passo num caminho não abertamente prometido e, atrevo-me a dizer, por todos os pinhelenses não desejado.
Termino desejando que os novos e futuros actores, nos diferentes orgãos da nova gestão escolar, saibam honrar o esforço, a dedicação, o património e a memória de muitos, que a história teimará em apagar ou diminuir, que nas últimas décadas e em diferentes estruturas deram o seu melhor nas diferentes estruturas escolares, em prol de todos.
Eu, que como último Director do extinto Centro de Formação da Associação de Escolas de Pinhel – Forpinhel, trabalhei com todas essas estruturas, jamais esquecerei os que comigo colaboraram e lutaram e enquanto assim for, lembrar-vos-ei e lutarei.
Um bom ano lectivo para todos, os nossos alunos agradecerão.
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1 comentário:
Um post que se impunha. Não só por causa do que de facto se passa e passou, mas pelas consequências que esta verticalidade escolar poderá trazer. No entanto, da mesma forma que fazes referência á memória de tantos que lutaram por a NOSSA escola, espero que a memória não possa apagar os nomes dos que permitiram que isto aconteceu. Não me refiro claro aos que como tu acho que podiam fazer mais. Refiro aos que de facto são os responsáveis. Sabemos quem são?
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